terça-feira, abril 27, 2010

A proposito de Brain-drain....

No 25 de Abril o Publico publicou esta noticia!

Diz o Mariano Gago que "o país tem evitado de forma "exemplar" a "fuga de cérebros", ao mesmo tempo que se tornou importador de cientistas. "Portugal é o caso mais exemplar no pós-guerra, talvez o único, de grande desenvolvimento científico sem brain drain [fuga de cérebros], ou com pouquíssimo", disse Mariano Gago. "O número de pessoas da ciência fora de Portugal é insignificante." Porém, o ministro não referiu nem os números "insignificantes" nem os "exemplares". Um dia depois, em Paris, num seminário da Organização de Cooperação e Desenvolvimento Económicos (OCDE), Gago insistia: Portugal "é visto como o exemplo a seguir"."

Ora e qual é o argumento dado para que Portugal seja o Gold standard no combate ao brain-drain?
"o ministério referia que, desde 1994 até 2008, a Fundação para a Ciência e Tecnologia (FCT) concedeu mais de 4500 bolsas de formação avançada no estrangeiro (incluindo bolsas de doutoramento e pós-doutoramento) e ainda mais de 4000 bolsas de doutoramento mistas, que implicam períodos de formação e de investigação em Portugal e no estrangeiro."

Ou seja: 8500 bolsas de estudo distribuidas ao longo de 14 anos!!! Isto dá uma média de mais ou menos 600 bolsas por ano!
O que é que este número significa? Qual é a proporção?
Quantas pessoas se licenciam por ano para fazer com que este numero seja motivo de orgulho nacional? Isto de publicar numeros absolutos, soltos e sem mais nenhum termo de comparação (nacional ou internacional) é muito bonito... e dá noticias animadoras (que parece ser o que importa!)

Outra coisa que me enfurece é esta ideia do "dar bolsas" ser a maneira de prender as pessoas.... parece-me que mais facilmente se retêm cérebros com empregos interessantes e bem pagos do que com bolsas! Empregos decentes e com beneficios sociais e não os habituais contratos a recibo verde que duram mais do que o é necessario e são abusados por tantas instituições (incluindo o estado).

Gostava também de saber quantas das bolsas atribuídas resultaram em geração de riqueza para o país! Quantas bolsas geraram conhecimento lucrativo? Quantos bolseiros, que depois de completarem os seus estudos e tentarem a integração no mercado de trabalho, arranjaram um emprego que lhes pagasse o salário justo pelos anos de estudo e qualificações adquiridas?

Parece-me que as respostas a estas questões seriam mais relevantes e retratariam melhor a estratégia de conservação de mão de obra altamente qualificada do que o numero de bolsas dadas nos ultimos 14 anos.

2 comentários:

noiseformind disse...

Tanta indignacao... e que falta de espirito zen. A menina nao sabe? Repouse tranquilamente junto ao rio e aguarde pacientemente que a corrente traga os corpos dos seus inimigos...

cdgabinete disse...

tens razao... acho que tenho que voltar ao kick boxing e deixar-me de descarregar a furia nos jornalistas e politicos!
Depois das ferias isto deve melhorar :)