terça-feira, abril 17, 2007

Grafia sem Atlântico a separar

Lia-se no Jornal de Beltrão na semana passada.... e a noticia chegou ao meu email através de uma colega brasileira honestamente satisfeita com a nova grafia única....

http://www.jornaldebeltrao.com.br/noticias/noticias.asp?id=23617&idsessao=1

Geral - Ortografia
14/04/2007 - 09h57

Brasil, Portugal e mais seis terão a mesma grafia portuguesa a partir de janeiro de 2008

Foi notícia nesta semana. A partir de janeiro de 2008 a ortografia dos países de língua portuguesa será a mesma.
Primeiro foi a vez do Brasil tentar a unificação da língua, em 1986. Depois, em 1990, reuniram-se em Portugal os oito países do CPLP (Comunidade dos Países de Língua Portuguesa — Angola, Brasil, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Moçambique, Portugal, São Tomé e Príncipe e Timor Leste).
O Congresso brasileiro aprovou a unificação ortográfica ainda em 1995. Basicamente, elimina-se o trema, mudam-se as normas para o uso do hífen, introduzem-se novamente no alfabeto as letras k, w e y (teremos então 26 letras oficiais, e não 23 como hoje) e revogam-se alguns acentos.
Alguns exemplos: Os portugueses terão de retirar o h inicial de algumas palavras, como em “herva” e “húmido”, que passarão a ser grafadas como no Brasil: “erva” e “úmido”. Para os brasileiros, não se usará mais o acento circunflexo nas terceiras pessoas do plural do presente do indicativo ou do subjuntivo dos verbos “crer”, “dar”, “ler”, “ver” e seus derivados. A grafia correta será “creem”, “deem”, “leem” e “veem”.
O acento circunflexo em palavras terminados em hiato “oo”, como “enjôo”, também cairá. O acento também deixará de ser usado para diferenciar “pára” (verbo) de “para” (preposição).
De acordo com a professora de português Sueli Baleei, “a unificação da língua irá fortalecer os laços entre os países lusófonos, a mudança trará tranqüilidade para quem gosta de ler livros de Portugal, Moçambique, enfim, os textos serão todos editados de forma idêntica”.

Duas ortografias oficiais
Hoje, o português é a única língua ocidental a ter duas ortografias oficiais, a portuguesa e a brasileira. Isto impede, por exemplo, que ela seja uma das línguas oficiais da ONU.
Inglês, espanhol, francês, alemão têm apenas uma grafia.
Para o historiador e professor em Francisco Beltrão Hermógenes Lazier, a unificação é positiva, “já que irá unir e fortalecer a língua portuguesa no mundo inteiro”. “O português deve ser uma língua unificada, escrita da mesma maneira em todos os países que falam o idioma, embora saibamos que as gírias, as particularidades de cada região, sempre existirão, e isto é positivo também”.

Dupla grafia
Portugal mantém o acento agudo no e e no o tônicos que antecedem m ou n, enquanto o Brasil continua a usar circunflexo nessas palavras: académico/acadêmico, génio/gênio, fenómeno/fenômeno, bónus/bônus.
Portugal elimina as consoantes não pronunciadas: ação (em vez de acção), batizar (em vez de baptizar), direto (em vez de directo), adotar (em vez de adoptar), objeção (em vez de objecção). Se a letra for pronunciada, porém, poderá ser mantida, como em facto, sector, carácter, amnistia, sumptuoso.
O idioma dos dois países diferirá ainda em formas como excecional e excepcional, conceção e concepção, perentório e peremptório, assunção e assumpção.

Hífen: uns continuam, outros não
Sobre o hífen, mantém-se nas palavras compostas: arco-íris, norte-americano, ano-luz. O sinal cai, contudo, em paraquedas e paraquedista (hoje, pára-quedas e pára-quedista).
Na prefixação, existe hífen sempre antes de h: semi-hospitalar, geo-história, sub-hepático. Se o prefixo ou pseudoprefixo termina por vogal e o elemento seguinte começa por r ou s, duplica-se a consoante: contrarregra, extrarregular, antissemita, ultrassonografia.
Se o prefixo termina por vogal igual à vogal inicial do segundo elemento, existirá hífen: anti-inflacionário, micro-onda, mega-ação, arqui-inimigo, contra-almirante, auto-ônibus. Se as vogais finais e iniciais forem diferentes, não haverá hífen: antieconômico, extraescolar, autoaprendizado, contraindicado, intraocular.
Muita coisa permanece como hoje: hiper, inter e super têm hífen antes de outro elemento iniciado por r: hiper-reativo, inter-relacionado, super-resistente. Ex e vice também mantêm o hífen existente hoje: ex-presidente, ex-marido, vice-prefeito, vice-diretor. Como atualmente, pós, pré e pró ligam-se com hífen a um segundo elemento “que tenha vida à parte”: pós-graduação, pós-tônico, pré-escolar, pré-natal, pró-africano, pró-europeu
O jornalista de Pato Branco Bruno Marchioro “o assunto não tem tanta importância”. “Para mim, a língua da globalização é o inglês. Não é necessário buscar fortalecer uma língua para talvez brigar por um espaço maior no globo. Existem milhares de dialetos no mundo e cada um tem o espaço dentro de seu povo, e esses povos não devem pensar em tornar seu dialeto uma língua universal. A história do planeta contribuiu para que o inglês se tornasse uma língua quase universal e esse desenvolvimento para mim é irreversível. Na minha opinião é mais interessante ensinar o inglês e o espanhol nas escolas, do que unificar a ortografia do português”.

O que muda na ortografia 2008
- As paroxítonas terminadas em “o” duplo, por exemplo, não terão mais acento circunflexo. Ao invés de “abençôo”, “enjôo” ou “vôo”, os brasileiro terão que escrever “abençoo”, “enjoo” e “voo”.
- Também não se usará mais o acento circunflexo nas terceiras pessoas do plural do presente do indicativo ou do subjuntivo dos verbos “crer”, “dar”, “ler”, “ver” e seus decorrentes, ficando correta a grafia “creem”, “deem”, “leem” e “veem”.
- O trema desaparece completamente. Estará correto escrever “linguiça”, “sequência”, “frequência” e “quinquênio” ao invés de lingüiça, seqüência, freqüência e qüinqüênio.
- Alfabeto deixa de ter 23 letras para ter 26, com a incorporação de “k”, “w” e “y”.
- O acento deixará de ser usado para diferenciar “pára” (verbo) de “para” (preposição).
- Haverá eliminação do acento agudo nos ditongos abertos “ei” e “oi” de palavras paroxítonas, como “assembléia”, “idéia”, “heróica” e “jibóia”. O certo será assembleia, ideia, heroica e jiboia.
- Em Portugal, desaparecem da língua escrita o “c” e o “p” nas palavras onde ele não é pronunciado, como em “acção”, “acto”, “adopção” e “baptismo”. O certo será ação, ato, adoçao e batismo.

Escrito por: Cristiane Sabadin (com pesquisa na internet) e publicado no Jornal de Beltrão on line

4 comentários:

Inês disse...

Acho bem, acho bem! :)

P.S.- Vanessa, quando descobrirem uma espécie de parasetamol para a saudade, tu avisa-me!!!

Unknown disse...

Oi! Dizem que as línguas são como serem vivos, nascem, desenvolvem-se e morrem.

Felizmente a nossa língua está longe de morrer mas eu não estou mt receppppptiva às mudanças que se avizinham.

Talvez porque eu seja daquelas pessoas que gostam de fazer as coisas como devem ser, mas nisto da língua quem é que dita o que deve e o que não seve ser, e como?

Bem, mudança é sinal de evoluçlão, e esperemos que seja para melhor. Gostei mt deste artigo (embora esteja meio apreensiva quanto a estas mudanças).

Uma beijoca, ciao!

Letras de Babel disse...

mudança não é sinónimo de evolução (desculpa cheguei).

neste caso, cd, e para já, uma geração que, mais uma vez e por motivos alheios à sua (nossa) vontade, vai ser sacrificada. a começar pelos alunos (aqueles que já estão, por exemplo, no 10º ano) que vão ficar a parecer dinossauros; passando pelos professores que terão de repetir os cursos (embora isso, agora, seja rápido e fácil..), até à agudização das discussões pais-filhos. (afinal, isto vai afectar mais que uma geração...)

(de notar, que não estou a consultar o manual dessa coisa que irá entrar em vigor em 2008, nem penso fazê-lo.)

acredito que os brasileiros tenham ficado contentes. nós baixamos a cabeça, como sempre. e os africanos? salvarão eles a honra da língua portuguesa?

eu sei das alterações a que a língua portuguesa esteve sujeita ao longo dos séculos. mas não foi por acordos com terceiros. muito menos por subalternidade. nem acho que uma língua seja algo de sagrado em que não se pode mexer.
mas, voltando à vaca fria, afinal, quem ensinou a língua portuguesa ao mundo?

costumo dizer que não me sinto particularmente portuguesa ou doutra nacionalidade qualquer.
mas depois acontecem destas...

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olha, cd, sem chatear mais, posso postar esta matéria no meu blog (autenticando-o, claro)?
entre outras coisas, por discussões gigantescas que já tive com pessoas que me corrigiam, afinal, sem razão.

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bjs

cdgabinete disse...

Devo admitir que não fiquei particularmente contente com a notícia... Eu comecei a escrever português em 1986... e não podia falhar um c ou um p!!!

Mas se pensarmos que nós somos 10 ou 11 milhões de habitantes no nosso lado do atlântico e eles 10 ou 11 só na cidade do Rio de Janeiro... talvez se justifique que a balança pese mais facilmente para o lado deles...

Também é verdade que, todas as pessoas de outras nacionalidades que conheci até agora e que por algum motivo tiveram contacto com a nossa língua, me disseram que era muito mais fácil aprender o portugues do Brasil do q o de Portugal.... E isto é mais um chumbinho no prato da balança brasileira...

Também me pareceu, nos contactos escritos que tive com os PALOPs até agora, que o português que eles usam é mais próximo do do Brasil...

Por isso, e apesar de temos sido nós a levar o português a outros continentes... vamos ter que ser nós a adaptarmos-nos mais uma vez.... e como já é habitual...

Há uma potencial vantagem nisto... a grafia única pode contribuir para que o portugues venha a ser uma lingua oficial nas naçoes unidas (mas lá está... será este portugues abrasileirado :o)