"Morre lentamente quem não viaja,
Quem não lê, quem não ouve música,
Quem não encontra graça em si mesmo.
Morre lentamente quem destrói o seu amor-próprio,
Quem não se deixa ajudar.
Morre lentamente quem se transforma em escravo do hábito,
Repetindo todos os dias os mesmos trajetos,
Quem não muda de marca,
Não se arrisca a vestir uma nova cor ou não conversa com quem não conhece.
Morre lentamente quem faz da televisão o seu guru.
Morre lentamente quem evita uma paixão,
Quem prefere o negro sobre o branco
E os pontos sobre os "is" em detrimento de um redemoinho de emoções
Justamente as que resgatam o brilho dos olhos,
Sorrisos dos bocejos, corações aos tropeços e sentimentos.
Morre lentamente quem não vira a mesa quando está infeliz com o seu trabalho,
Quem não arrisca o certo pelo incerto para ir atrás de um sonho,
Quem não se permite pelo menos uma vez na vida fugir dos conselhos sensatos.
Morre lentamente, quem passa os dias queixando-se da sua má sorte
ou da chuva incessante.
Morre lentamente, quem abandona um projeto antes de iniciá-lo,
Não pergunta sobre um assunto que desconhece ou
Não responde quando lhe indagam sobre algo que sabe.
Evitemos a morte em doses suaves,
Recordando sempre que estar vivo exige um esforço muito maior
que o simples acto de respirar."
Pablo Neruda
photo: A. Bitesnich, http://www.bitesnich.com/
2 comentários:
owa :o)
simplesmente lindo :o)
beijinho
Peço desculpa não comentar o poema, mas... a fotografia está fantástica! :)
Enviar um comentário