- Olá!
- Olá, tudo bem?
(o abraço foi sinceramente carinhoso, e fiquei contente por não nos termos evitado)
- Tudo bem! E contigo?
(a troca de olhares foi muito mais longe do que a formalidade das palavras e ambas dissemos... gostava de já ter falado contigo há mais tempo!)
- Também!
Continuo do outro lado da fronteira... e tu que tens feito?
(na realidade apeteceu-me ali desfiar uma conversa que dificilmente chegaremos a ter... foi com dificuldade que resisti ao impulso de te puxar para o lado da igreja para continuarmos a recuperar conversa perdida em 6 anos de não comunicação.
Não o fiz - os tacões, principalmente os mentais - não facilitam impulsos nem caminhadas à volta da igreja... deixei-me apenas invadir pela nostalgia e saudosismo do tempo em que fazias parte dos meus dias, me contavas com alegria as aventuras do teu cão, jogávamos king, desesperávamos me conjunto para os exames, disfrutávamos da praxe, partilhávamos gargalhadas e fazíamos má língua como verdadeiras profissionais... e deixei prosseguir a conversa)
- Tenho estado lá para baixo....
- Ah, não sabia... E gostas?
(Como poderia eu saber? A mim só me chegam as notícias menos boas - se as há - ou então raramente és tema de conversa...)
- Gosto, gosto!
(E pronto.... momento constrangedor... já não temos mais nada para dizer uma à outra, mas no entanto os olhares continuam a falar e com esta conversa fecham um capítulo... e nós abrimos outro.... e felizmente tu lá consegues conduzir mais umas linhas de diálogo)
- E tu na terra do chocolate hein?! Tens-te perdido em tastings?
- Nem me fales.... os chocolates são maravilhosos! Há de todos os tipos e feitios e agora com a chegada da páscoa.... há ovinhos e coelhinhos em todas as montras!
- Imagino!
E assim, com imagens mentais de ovinhos de chocolate, somos interrompidas por alguém que se junta à conversa e quer saber se vou ver os jogos durante o Euro....
(Talvez.... se eu conseguir sobreviver até lá... penso eu, enquanto tento, absolutamente em vão, lembrar-me das regras de King... quando é que se faziam as festas??)
1 comentário:
Ao contrário da maior parte das pessoas, odeio encontrar gente de quem fui íntimo e de quem a vida me separou. Os outros mudam, nós mudamos. Depois, quando nos reencontramos, estamos sempre à espera de encontrar o outro que deixámos há seis, dez ou vinte anos e quem invariavelmente nos surge é um outro outro. Que já nada nos diz.
Nunca ponho os pés em jantares de curso.
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